São dias esperançosos;
Dias que não chegaram mas já estão aqui;
Aqui, trazendo ares novos e possibilidades mil;
Aqueles dias que quase tocamos, imaginamos.
Não são dias extraordinários, são leves;
São dias simples, de pernas pro ar;
Não são dias especiais, são dias livres;
Livres inclusive da expectativa, e de planos;
Tá, alguns planos, mas não muitos;
Não são dias de luxo, são dias de ócio;
E o ócio não pode ser dar ao luxo.
Dias de chinelos nos pés e vento na canela;
Daquela bermuda velha, às vezes;
Dias do riso fácil e da conversa despropositada;
Do sorvete melado e congelado, tocando o nariz;
Dias de voos e pousos, de partir e também deixar;
Do abraço na chegada, do beijo da partida.
Alguns desses dias pedem um filme, em casa;
Outros um romance, no cinema;
E uma pipoca, na casa da tia ouvindo histórias;
Uns dias pedem água, de torneira, ou mangueira;
Até mesmo de bacia, ou do banho na chuva;
Há dias de nadar, dias pra malhar;
Dias de amar na mordida da maça do amor, no parque.
Sempre há dia de praia, da raspadinha;
Da paisagem deslumbrante, com cheirinho de mar;
Dia de óculos escuro, e protetor fator 60;
Desejando ser pra sempre, mas acaba às 10 pra 5;
Dias do sal na pele, mergulhando em meio as ondas;
Da chuveirada no calçadão, com a pele vermelhinha.
Dias pra acordar mais tarde, pra valerem mais;
Lentos, sem pressa e sem prazo;
Do café fresco na cama, se puder;
Com ovo mexido, frutas novas;
lençóis brancos e janela aberta.
Das manhãs que abrem dias abrindo livros;
Com poesia que nos transporta à jardins;
E utopias fortalecendo nosso mundo sofrido;
Das noites findadas com versos de Drummond;
Regadas ao som de Miles Davis e vinho merlot.
Dias de ir e esquecer, tentar;
De voltar e lembrar, teimar;
Pra fazer pouca coisa, e só;
Mas também não perder a chance, e mais;
Dias de fé, forças revigoradas;
Dias por vir, dias, de divinas férias.
Thiago Lima
SP. 03/12/2013 – 16h27